Jakeline Simões GOMES (UFRN) – ORCID
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O presente estudo focaliza o uso do verbo ficar em estruturas predicativas do português brasileiro, como em “fiquei besta”, “ficou pianinho e sínico” e “fiquei pra morrer”. O objetivo central é analisar como esse verbo ocorre em orações predicativas, contemplando suas nuances sintático-semânticas e discursivo-pragmáticas. A fundamentação teórica ancora-se na Linguística Funcional, com ênfase na tradição norte-americana, mobilizando contribuições de Bybee (2016), Chafe (1970), Furtado da Cunha, Costa e Cezario (2015), Givón (1991, 1995, 2001) e Hopper e Thompson (1980). A pesquisa vislumbra uma abordagem sincrônica e descritivo-explicativa, valendo-se do método misto (Lacerda, 2016) e seguindo um raciocínio dedutivo-indutivo (Gerhardt; Souza, 2009). O corpus é composto por 468 postagens da Rede X, publicadas entre os anos de 2020 a 2022. Os resultados revelam que as orações predicativas com o verbo ficar apresentam um sujeito experienciador com referência anafórica, o verbo ficar flexionado majoritariamente no pretérito e um predicativo que varia de adjetivos a chunks idiomáticos. Essas orações tendem a codificar estados ou mudanças de estado, associados a aspectos mais psicológicos e transitórios do que físicos ou sensoriais. Pragmaticamente, essas orações aparecem, em geral, após a descrição de eventos desencadeadores do estado expresso, evidenciando uma tendência à (inter)subjetividade na organização do discurso.
Palavras-chave: linguística funcional; predicação; verbo ficar.