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COMPOSICIONALIDADE DE NOMES EM –NTE DO SÉCULO XX: UMA ABORDAGEM CENTRADA NO USO

Francisca Vidânia de Lima SOUZA (UFERSA) – ORCID
vidaniasouza123@gmail.com 

Fernando da Silva CORDEIRO (UFERSA) – ORCID
fernando.cordeiro@ufersa.edu.br 


Este artigo estuda a composicionalidade dos nomes deverbais em –nte: substantivos e adjetivos do português brasileiro, licenciados pelo acréscimo do sufixo –nte a uma base verbal. Tratamos esse padrão de palavras como uma construção, ou seja, um pareamento de forma e função, em que aspectos formais estão intrinsecamente ligados a aspectos funcionais (semântico-cognitivos e discursivo-pragmáticos). Temos como objetivo principal investigar quais propriedades formais e funcionais contribuem para a composicionalidade dos nomes deverbais em –nte. Propriedade esta que reflete o grau de transparência entre a forma e a função de uma construção. Para isso, apoiamo-nos teoricamente na Linguística Funcional Centrada no Uso (LFCU) e no modelo teórico da Gramática de Construções (Goldberg 1995, 2006; Croft 2001; Traugott; Trousdale 2013). Metodologicamente, a pesquisa é qualitativa, com suporte quantitativo, e descritivo-explicativa em relação aos objetivos. O corpus utilizado consiste em 367 ocorrências, retiradas do Corpus para a História do Português Brasileiro (CPHPB), referentes ao século XX. Os resultados demonstraram que, a partir da análise baseada em quatro parâmetros, foi possível a identificação de um continuum de composicionalidade. Ao observar a distribuição dos dados nesse continuum, verificou-se que os nomes em –nte são mais composicionais. Essa maior composicionalidade pode ser atribuída a três parâmetros principais, a saber: analisabilidade, correspondência de sentido entre a base verbal e o nome deverbal, e a especialização semântica de certos itens lexicais em contextos específicos. Logo, apenas o parâmetro referente à herança (ou não) da estrutura sintático-semântica da base verbal apresentou uma tendência maior à não composicionalidade.

Palavras-chave: nomes em –nte; composicionalidade; Linguística Funcional Centrada no Uso; Gramática de Construções.