Alão AGUIAR (Universidade Federal do Ceará) – ORCID
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Este trabalho propõe um modelo de estruturação da variação de gênero com base na organização Baseline/Elaboration (Langacker, 2016), modelo de organização gestáltica em que uma base substancial é elaborada em uma estrutura mais complexa. Tal discussão contracena, ainda, com os impasses da descrição estruturalista (Kehdi, 1979; Câmara Jr., 2004) quanto à marcação de gênero em português. Para tanto, parte-se de uma pesquisa qualitativa com a análise de 100 usos, retirados de 80 textos do corpus Discurso & Gramática. A partir da análise propomos que nossos dados se organizam em 2 conjuntos: 1. itens elaborados por acréscimo; 2. itens de elaboração esquemática (rede conceitual). Os itens do primeiro conjunto dizem respeito aos casos de formação de gênero por derivação, conforme Câmara Jr. (2004), em que a raiz (base) é elaborada com sufixos (diferenciais). Já os itens do segundo conjunto tomam como base o domínio para projeção de potenciais elaborações. Para tal, a rede esquemática serve como base, contando com conceitos semânticos – [FEMININO], [MASCULINO] ou [GENÉRICO] – e com marcações fonológicas – [-o], [-e], [-ø] e [-a]. Propomos que, nesse tipo, a elaboração se dá por um processo de especificação em que a seleção das informações semânticas e fonológicas envolve a focalização de um determinado conjunto de informações e subfocalização da rede esquemática. Por fim, destaca-se o potencial do modelo ao lidar, na descrição do gênero, não só com processos de acréscimo, mas também com a elaboração pela rede esquemática, oferecendo um quadro unificado para compreender diferentes formas de variação de gênero no português.
Palavras-chave: Variação de gênero; Organização B/E; Gramática Cognitiva.