Leonardo de Almeida SANTOS (Universidade Federal de Minas Gerais) – ORCID
almeidaleonardo@ufmg.br
Luana Lopes AMARAL (Universidade Federal de Minas Gerais) – ORCID
luanalopes@ufmg.br
Em português brasileiro (PB), a construção partitiva, representada pela forma [SN1 VTD de SN2 [+ definido]], expressa o seguinte significado: um agente extrai uma porção indefinida de um todo conhecido, que se desloca de uma origem a um destino, num movimento físico ou metafórico (cf. Carlier, 2007; Carlier e Lamiroy, 2014, 2022; Santos, 2025) (Ex.: Maria bebeu da água). A construção, embora ocorra tipicamente com verbos de ingestão, evocando experiências físicas (Exs.: O convidado bebeu do vinho e O homem provou da comida), integra-se também com verbos psicológicos (Exs.: O juiz conhece da verdade dos fatos e Os fiéis sentem do amor de Deus). Assim, os objetivos deste trabalho são investigar as relações construcionais entre os padrões com verbos de ingestão e aqueles com verbos psicológicos, bem como sistematizar os verbos psicológicos que normalmente se integram à construção partitiva (conhecer, sentir, amar etc.). Hipotetiza-se que ocorrências com essa classe de verbos sejam extensões metafóricas baseadas na experiência física de remover uma porção de uma entidade conhecida, massiva ou não (metáfora ontológica CONHECER É ALIMENTAR-SE) (Lakoff e Johnson, 1980). A proposta tem como quadro teórico-metodológico a Gramática de Construções, na perspectiva cognitivo-funcional (Croft, 2001, 2012, 2022; Hilpert, Lyngfelt e Torrent, 2025). Os dados são coletados a partir de ocorrências em corpus (Corpus do Português). Como resultados preliminares, obteve-se a confirmação da hipótese de extensão metafórica entre verbos de ingestão e verbos psicológicos na construção partitiva.
Palavras-chave: Gramática de Construções; partitivo; português brasileiro.