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AS CONSTRUÇÕES METAFÓRICAS NO EVENTO DE ELOCUÇÃO

Júlia Maria das Dores DUARTE (Universidade Federal de Minas Gerais) – ORCID
julia-duarte@ufmg.br

Ao descrever a transmissão de mensagens entre interlocutores, recorremos a diferentes expressões linguísticas, incluindo verbos que pressupõem o dizer, como contar (Ela contou uma história), e outros que não pressupõem, como brincar (Ela brincou que foi demitida), bem como às construções em que ocorrem. Esses verbos e construções evocam um evento de elocução, entendido como a verbalização de mensagens e informações, envolvendo um falante/enunciador que se dirige a um ouvinte/interlocutor. Fundamentada na Gramática de Construções (Croft, 2022) e na proposta da dinâmica de forças de Croft (2012) e Kalm (2022), esta pesquisa busca compreender quais construções podem ser integradas ao evento de elocução e explicar por que verbos que não pressupõem o dizer, como brincar, podem também expressar tal evento. Foram analisados 24 verbos, igualmente divididos entre os dois grupos, a partir de ocorrências coletadas no Corpus Brasileiro. Os resultados mostram que cada construção perfila partes específicas do evento de elocução, formado pelos participantes: falante, mensagem, tópico, meio e destinatário. A análise permitiu identificar quatro tipos principais de construções: (i) Criação Metafórica – falante e mensagem (Ela disse que está doente); (ii) Transferência Metafórica – falante, mensagem e destinatário (Ela resmungou ao amigo que está cansada); (iii) Contato Metafórico – falante, mensagem e meio (Ela gritou no microfone que não irá sair); e (iv) Contiguidade Metafórica – falante e tópico, com a mensagem incorporada ao verbo (Ela elogiou o curso). Concluímos que verbos que não pressupõem o dizer, como brincar, embora com restrições, integram-se às mesmas construções que os verbos que pressupõem o dizer, podendo também exprimir o evento de elocução.

Palavras-chave: elocução; construções metafóricas; Dinâmica de Forças.