Anne Jamile Bezerra da SILVA (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) – ORCID
jamillez@hotmail.com
Nedja Lima de LUCENA (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) – ORCID
nedja.lucena@ufrn.br
Neste trabalho, discutimos a flexibilidade semântica do verbo gostar no português do Brasil, com o objetivo central de apresentar seus diversos sentidos a partir de dados empíricos de fala e de escrita. A pesquisa configura-se como um recorte de um estudo de mestrado sobre as construções de estrutura argumental com o verbo gostar. No latim, o verbo gustare associava-se a eventos de percepção gustativa, relacionado ao sentido de sentir o sabor de algo. Já no português, os falantes costumam associar o verbo gostar a eventos afetivos. No entanto, alguns dicionários, como Houaiss (2012) e Borba (2022), afirmam que esse expediente linguístico pode assumir outros sentidos no português brasileiro, fato esse que este estudo explora e analisa empiricamente. Para tanto, o trabalho ancora-se teoricamente na Linguística Funcional Centrada no Uso (Furtado da Cunha; Bispo; Silva, 2013; Givón, 2001; Rosário, 2022), a qual defende que o uso impacta o sistema linguístico. Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa qualitativa, de caráter bibliográfico, documental e descritivo. Para a sua realização, foram utilizados como banco de dados o Corpus Discurso & Gramática (B): a língua falada e escrita na cidade do Rio de Janeiro e o Corpus Discurso & Gramática: a língua falada e escrita na cidade do Natal. Os resultados, advindos de 858 amostras, revelam que o verbo gostar apresenta seis sentidos distintos no português brasileiro: afeição, habitualidade, inferência, (des)predileção, volição e (des)aprovação, o que revela polissemia. Em alguns casos, os sentidos se sobrepõem evidenciando um continuum.
Palavras-chave: Linguística Funcional Centrada no Uso; verbo gostar; polissemia; versatilidade semântica.