Geideane R. TEIXEIRA (Universidade Federal do Espírito Santo)
geideanerodrigues@gmail.com
A partir de uma abordagem construcional da gramática (Bybee, 2016; Rosário; Oliveira, 2016; Diessel, 2019; Traugott; Trousdale, 2021; Traugott; 2022), que compreende a totalidade do conhecimento linguístico como uma rede de construções (pareamentos de forma e função) interconectadas, esta pesquisa investiga a polifuncionalidade de [enquanto(que)]conect na modalidade falada do português brasileiro em uso. Seguindo uma rota de mudança a partir do domínio semântico temporal em direção à expressão de sentidos mais abstratos, como contraste e condição, Longhin (2016), Rubio (2021), Dias (2023), Longhin; Ferrari (2023) e Teixeira (2024) atestaram que [enquanto(que)]conect se encontra, na atual sincronia, no campo das microconstruções conectoras polifuncionais, caracterizadas pela possibilidade de prefaciar construções oracionais que veiculam diferentes valores semânticos. Desse modo, esta investigação tem por objetivo caracterizar as propriedades formais e funcionais das construções oracionais introduzidas por essa microconstrução, tendo por hipótese que haveria distinção também nas propriedades do pólo formal (aspectos sintáticos, morfológicos e fonético-fonológicos) constituindo, nesse caso, construções distintas. Para essa análise, o corpus se constitui de vídeos publicados no YouTube, cotejados por meio da plataforma Youglish, com coleta realizada pelo comando de busca “enquanto”. Os constructos oracionais são examinados levando-se em conta aspectos relativos à forma, como posição em relação à construção-nuclear e correlação modo-temporal, e referentes à função, como valor(es) semântico(s) veiculado(s). Num primeiro momento encontramos usos contrastivos, condicionais, temporais, além de usos como conector não-oracional, os quais devem ser submetidos aos parâmetros de análise elencados.
Palavras-chave: polifuncionalidade; microconstrução conectora; enquanto(que).
