Vitória Stefanny de Freitas Silva (Universidade Federal do Ceará) – ORCID
stefannyfreitas13@gmail.com
Francisco José Gomes de Sousa (Universidade Federal do Ceará) – ORCID
francisco.jose.letras@gmail.com
Para Lakoff e Johnson (2002 [1980]), vivemos segundo metáforas que estruturam nossas percepções, ações e relações com os outros; assim, cientes de que a língua é um constructo social, cultural e cognitivo, acreditamos que o uso desta, bem como a sua compreensão, ocorrem através da ativação inconsciente de metáforas conceituais. Com base nessas afirmações, este trabalho propõe-se a identificar e descrever as metáforas conceituais subjacentes aos usos do futuro simples e da perífrase “ir a + infinitivo” no espanhol oral, a fim de compreender de que modo os falantes estruturam cognitivamente o conceito de futuro em situações comunicativas espontâneas. Busca-se compreender como os falantes representam cognitivamente o futuro por meio de metáforas como: FUTURO É PARA FRENTE, AÇÃO É MOVIMENTO, dentre outras. Esta análise, de abordagem qualitativa, tem como objetivo identificar e descrever a ativação de metáforas conceituais na expressão do futuro no espanhol oral de Guadalajara. O estudo baseia-se em dados do corpus do Proyecto para el Estudio Sociolingüístico del Español de España y de América (PRESEEA – Guadalajara), e adota o método Metaphor Identification Procedure Vrije Universiteit (MIPVU), através destes, buscamos identificar as expressões metafóricas, seguida da classificação quanto ao tipo de metáfora, ao domínio fonte e domínio alvo envolvidos, às metáforas conceituais ativadas e às funções discursivas que essas metáforas exercem nos enunciados analisados. Nossa pesquisa foi desenvolvida de acordo com o aporte teórico de autores como: Lakoff e Johnson (1980), Lakoff (1987), Lakoff e Turner (1989), Lakoff, Johnson (1999), Kövecses (2002), Ruiz de Mendoza & Pérez (2011), dentre outros. A análise dos dados permitiu observar que o uso do futuro simples e da construção perifrástica “ir a + infinitivo” no espanhol oral não se limita à codificação temporal, mas revela diferentes formas de estruturação cognitiva do futuro, orientadas por metáforas conceituais. Em nossa análise, identificamos que construções como “vas a echar la mano”, tendem a ativar metáforas como estruturais, que partem do movimento físico como domínio fonte e chegam ao domínio alvo como um ato de ajuda e ativa metáforas como: O FUTURO É PARA FRENTE, AÇÃO É MOVIMENTO DIRECIONAL, evidenciam uma representação experiencial, espacial e intencional do futuro, frequentemente associada a contextos de avaliação subjetiva, desejo, envolvimento afetivo ou construção de identidade discursiva. Do ponto de vista discursivo, as construções tendem a marcar certeza, projeção ou afetividade, hipóteses, previsões generalizantes ou avaliações distanciadas. Esses resultados reforçam a hipótese de que as formas verbais do futuro, na fala espontânea, operam como dispositivos metafóricos que orientam modos distintos de experienciar e expressar o futuro nas interações linguísticas.
Palavras-chave: Expressão de futuro; metáforas conceptuais; língua espanhola; função discursiva.