CARTAS DE ACEITE ATÉ 31 DE AGOSTO

MUITO AFETO É FORÇA: UMA ANÁLISE SOBRE A MUDANÇA DE ESQUEMAS IMAGÉTICOS

Maria Lucia Leitão de ALMEIDA (UFRJ)
marialucialeitaodealmeida@gmail.com

Rosângela Gomes FERREIRA ((UERJ) – ORCID
gfrosangela@gmail.com

A realidade percebida/sentida pelo sujeito é organizada em esquemas pré-existentes nas línguas a partir das experiências no espaço. Assim, crianças e depois adultos falam distribuindo ideias em trajetos, contêineres, e ideias que se transformam em objetos movidos por forças externas a si próprios. Dessa concepção da linguagem como reflexo da experiência do corpo físico no mundo real, a Hipótese da Corporificação, fartamente provada na literatura (Lakoff, 1987), emergem esquemas imagéticos (Ferreira, 2010), representações conceptuais relativamente abstratas que derivam das nossas experiências sensorial e perceptual (Lakoff, 1987). Nesta comunicação, observamos e analisamos o uso atual da forma “apaixonado em” (em vez de “apaixonado por”), e de outras variações das regências nas construções afetivas como “doido em” (em vez de doido por”) e “dedicado em” (em vez de “dedicado a”), como alteração do esquema imagético básico de trajeto – seja percurso ou destino – para indicar o esquema imagético de contêiner, motivado pelo esquema imagético de força. O corpus de análise foi extraído de falas coloquiais de nativos brasileiros, além de exemplos encontrados na plataforma YouGlish e de dados vistos em redes sociais, como Instagram e X.com.

Palavras-chave: Afeto, regência, esquema imagético, hipótese de corporificação.