Evilane Alves de ARAÚJO (Secretaria de Educação do Estado do Ceará – Seduc) – ORCID
evilane.alves@prof.ce.gov.br
Léia Cruz de Menezes RODRIGUES (Universidade da Integração Internacional da Lusofonia
Afro-Brasileira – Unilab) – ORCID
leiamenezes@unilab.edu.br
O ensino de gramática no Brasil tem historicamente privilegiado modelos normativos centrados em perspectivas brancocêntricas, marginalizando contribuições de falantes negros para a constituição do português brasileiro (RATTS, 2019; CASTRO, 2020). Um exemplo emblemático dessa invisibilização é a concordância locativa, definida por Bagno (2017) e Luchesi (2008) como a construção sintática em que termos locativos assumem a posição de sujeito e determinam a concordância verbal. Tais construções, presentes no falar fortalezense, não apenas refletem a estrutura da língua, mas também carregam marcas históricas e identitárias dos falantes afrodescendentes (RATTS, 2019). A ausência desse reconhecimento no ensino formal reforça estigmas linguísticos e sociais. Este estudo propõe, a partir de uma abordagem funcionalista (HALLIDAY, 1978), repensar práticas pedagógicas que considerem a língua como instrumento de interação social e expressão identitária, valorizando a diversidade linguística e histórica. Ao integrar a análise da concordância locativa às atividades de ensino, é possível oferecer aos estudantes uma compreensão da gramática que transcenda regras normativas, promovendo uma educação linguística mais inclusiva e crítica.
Palavras-chave: gramática escolar; concordância locativa; funcionalismo linguístico; diversidade linguística; ensino de português.