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DESVIOS PREPOSICIONAIS EM ITALIANO L2: EVIDÊNCIAS PARA UMA GRAMÁTICA DE USO

Sâmia MEDEIROS (Universidade de São Paulo – USP) – ORCID
samia.medeiros@usp.br

Andressa SPINOSA (Universidade Federal do Ceará – UFC) – ORCID
andressaspinosa@alu.ufc.br

Esta pesquisa investiga o uso de preposições simples e articuladas em textos produzidos por aprendizes brasileiros de italiano como língua adicional, adotando como referencial a Linguística Cognitivo-Funcional (LANGACKER, 1991; CROFT, 1994; GIVÓN, 1993, 1995). O corpus da análise é composto por 236 produções textuais, processadas por meio do software AntConc, o que possibilitou a identificação sistemática de ocorrências e desvios no emprego preposicional. Esses desvios foram classificados em quatro categorias principais: omissão, adição, substituição e erro de articulação. A partir dessa categorização, buscou-se compreender em que medida tais usos refletem tanto a interferência da língua materna quanto o processo de construção de padrões gramaticais na L2. À luz da Gramática Cognitiva (LANGACKER, 2008), as preposições não se reduzem a elementos formais, mas constituem unidades simbólicas que estruturam relações espaciais, temporais e abstratas. Tais relações são motivadas por esquemas imagéticos universais, mas são perspectivadas de forma distinta em cada língua. Isso explica a recorrência de usos em que aprendizes brasileiros projetam o enquadramento conceptual do português sobre o italiano, resultando em desvios de seleção ou articulação preposicional. Os dados revelam, portanto, que o aprendizado de preposições não se limita à memorização de regras, mas envolve a internalização de modos específicos de conceptualização e de convenções próprias da língua-alvo. Nesse sentido, a análise confirma o caráter usage-based da gramática, evidenciando que a consolidação dos padrões preposicionais depende da exposição frequente e significativa a usos autênticos da L2.

Palavras-chave: preposições; Gramática Cognitiva; aquisição de L2