Isadora OLIVEIRA (Universidade Estadual do Ceará) – ORCID
profa.isadoramaria@gmail.com
Meyssa Maria Bezerra Cavalcante dos Santos (Universidade Federal do Ceará) – ORCID
profameyssacavalcante@gmail.com
A presente pesquisa realiza um estudo bibliográfico, centrado em diálogos informais de O Cortiço (Azevedo, 1890), e tem como objetivo investigar o uso de interjeições tabus como recursos expressivos e emotivos. Para isso, baseamo-nos nas Funções da Linguagem de Jakobson (1960) para compreender a função emotiva dessas interjeições, e nas Metafunções da Linguagem de Halliday (1978) para articular aspectos ideacionais e interpessoais. A Teoria dos Atos de Fala (Austin, 1962; Searle, 1969) sustenta a análise da força interacional desses termos. Na obra literária supracitada, a leitura de passagens, em que moradores do cortiço empregam palavras de baixo calão, evidencia que tais interjeições marcam surpresa, intensificando o impacto do evento narrado; raiva, reforçando confrontação e distanciamento social; e, por fim, alívio, interrompendo brevemente o fluxo narrativo para liberar tensão. Esta pesquisa caracteriza-se por uma abordagem qualitativa e interpretativa, de cunho descritivo. É um estudo indutivo, partindo da observação do corpus para a construção das análises. Quanto ao corpus, ele é composto por excertos da referida obra. Como resultados preliminares, observamos no corpus uma frequência de interjeições tabus, as quais crescem nos momentos de crise coletiva, principalmente, em cenas de confronto com a polícia ou disputas entre os moradores. Essa ocorrência amplia a coesão grupal por meio do compartilhamento de um repertório expressivo, o que reforça o papel da cognição nas interações sociais. Além disso, a intensidade emotiva das formas tabus correlaciona-se com o grau de desespero vivido pelos personagens, sugerindo que esses marcadores funcionam como “válvulas de escape” afetivas.
Palavras-chave: linguagem tabu; interjeição; interação; cognição.
