Jéssica Caroline Souza AGUIAR (UESB) – ORCID
aguiar.jcs@gmail.com
Laís Rodrigues Silva BOCKORNI (UESB) – ORCID
laisbockorni@gmail.com
Maíra AVELAR (UESB) – ORCID
mairavelar@uesb.edu.br
Este trabalho tem como objetivo analisar o uso dos marcadores evidenciais epistêmicos “eu acho” e “eu acredito” no Português Brasileiro (PB), a fim de observar a sua função no contexto de uso. Conforme Kärkkäinen (2003; 2007), no inglês, os marcadores epistêmicos “I guess” e “I think”, devido à sua alta frequência no contexto interacional, funcionam como organizadores do discurso, enquadrando a tomada de postura da sentença seguinte. Tendo em vista que a tomada de postura é um fenômeno de natureza intrinsecamente intersubjetiva (Du Bois, 2007), a nossa hipótese é a de que o mesmo processo pode também ocorrer no PB. Como metodologia, utilizamos como corpus de análise a gravação de quatro interações semi-espontâneas entre pares de jovens adultos, falantes do PB, com o total de 58 minutos, sobre inteligência artificial. Nossos dados totalizaram 29 ocorrências de “eu acredito” e 146 de “eu acho” e foram transcritos, anotados e analisados por meio do software ELAN (Sloetjes; Wittenburg, 2008). Os resultados apontam que ambos os marcadores epistêmicos investigados indicam um maior uso no PB para um enquadramento de postura. No caso de “eu acho”, das 146 ocorrências, 88 apresentaram esse uso, e, para “eu acredito”, 17 das 29 ocorrências. Outros usos foram relacionados a concordâncias e discordâncias, e apresentações e conclusões de argumentos em menor quantidade, o que mostra que, apesar dos empregos variados destes marcadores no PB, o uso majoritário aparenta ser para enquadramento de postura na conversação, nossos dados estão, assim, alinhados com os encontrados por Kärkkäinen (2003; 2007) no inglês.
Palavras-chave: marcadores epistêmicos; postura epistêmica; tomada de postura.