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“NINGUÉM MANDA O UOL PUXAR O SACO DE ESQUERDISTAS”: A CONSTRUÇÃO DE REPREENSÃO “NINGUÉM MANDA X” ATRAVÉS DE UMA ABORDAGEM SOCIOCOGNITIVA A PARTIR DE WEBSITES

Mariana REIS RACHID (Universidade Federal de Viçosa) – ORCID
mariana.rachid@ufv.br

Gabriela da SILVA PIRES (Universidade Federal de Viçosa) – ORCID
gabriela.pires@ufv.br

O presente trabalho é resultado de pesquisa de iniciação científica (CNPQ 2023-2024) que investiga a construção gramatical “Ninguém manda X”,  em que X é uma estrutura formada por um Sintagma Nominal opcional, seguido de Verbo no Infinitivo. Essa construção apresenta uma interpretação potencial de “repreensão” a algo ou alguém, como em “ninguém manda tirar foto pelada” (abril), constituindo o principal material desta pesquisa, sob um viés de análise não-composicional. Fundamentamo-nos na Linguística Cognitiva e na Gramática de Construções (Goldberg, 1995; Ferrari, 2011; e Pinheiro, 2016), com foco na avaliação atitudinal da Avaliatividade (Oliveira, 2014; Silva da Cruz, 2018; e Vian Júnior, 2009). Levamos em consideração o uso que o falante faz da Língua Portuguesa, por meio de dados empíricos retirados da internet. Para isso, construímos um banco de dados com 663 ocorrências, por meio da Busca Avançada do Google para coletar dados representativos em quatro domínios (wordpress, blogspot, uol e abril), categorizando-as em: “repreensão” (6,63%), “leitura composicional” (81,6%), “repetição” (9,5%) e “outros” (2,72%). Os objetivos incluem: analisar a configuração sintática da construção; mapear características dos alvos de repreensão; e discutir as avaliações atitudinais. Entre os resultados, observamos que a configuração sintática mais comum é “Ninguém manda + Vinf + complemento” (34,09%), com predominância de repreensões ao gênero masculino. Em termos avaliativos, o julgamento da capacidade negativa prevaleceu, confirmando a função expressiva de desaprovação na construção. Os dados sugerem que a construção funciona como recurso inovador e não convencional na expressão de reprovação em Português.

Palavras-chave: linguística cognitiva; construção gramatical; repreensão; gramática das construções.