Jodalmara OLIVEIRA ROCHA TEIXEIRA (PPGLin – UESB) – ORCID
mmara.teixeira@hotmail.com
Jorge Augusto ALVES DA SILVA (PPGLin – UESB) – ORCID
adavgvstvm@gmail.com
Valéria VIANA SOUSA (PPGLin – UESB) – ORCID
valeria.viana.sousa@uesb.edu.br
Antes exclusivamente reflexivo, o SE passou a funcionar como um componente formal polissêmico, cujo compartilhamento por construções reflexivas, recíprocas, médias e impessoais no PB contemporâneo evidencia a ausência de relação biunívoca entre forma e função, já que a mesma forma serve a funções distintas. Neste trabalho, dedicamo-nos à análise e descrição do (des)uso do SE em tais construções, buscando identificar o que determina a escolha entre o uso ou não do clítico nos contextos em que é requerido e se essas alternativas construcionais possuem significados diferentes. Para esse fim, recorremos aos corpora orais PPVC (Português Popular de Vitória da Conquista), PCVC (Português Culto de Vitória da Conquista) e CLIBA (Corpus Linguístico de Ibicoara – Bahia). Ancorados na Linguística Funcional Centrada no Uso (Bybee, 2010; 2015; Goldberg, 1995; 2006; Furtado da Cunha; Bispo; Silva, 2013; Kemmer, 1993; 1994; Langacker, 2013; Maldonado, 2006; Martelotta, 2011; Tomasello, 1998; Traugott, 2008; Traugott e Trousdale, 2013), defendemos que a transitividade, uma dimensão linguístico-cognitiva, influencia significativamente a codificação da construção, com ou sem a presença do SE, e sua relação com a função que expressa. As evidências empíricas fornecidas pelos corpora indicam que o uso do SE está associado à conceptualização de uma força indutora do evento, ainda que indeterminada ou desconhecida. O desuso do clítico em contextos em que ele seria esperado implica, por seu turno, eventos conceptualizados sem sua força indutora, sugerindo que o SE nulo é uma construção, com significado diferente da alternativa com o clítico presente.
Palavras-chave: (des)uso do SE; conceptualização de eventos; português brasileiro; Linguística Funcional Centrada no Uso.